Skate e repressão

Nem a relevância comercial do esporte é capaz de reduzir o preconceito

por Marcos Pereira

Belo Horizonte viu recentemente um evento de Skateboarding de relevância nacional ser cancelado por aparente preconceito com os praticantes do esporte. O Converse MySquare, realizado em diversas cidades do Brasil, como São Paulo, estava marcado para acontecer na Praça do Mercantil, no bairro Barroca, região Oeste da cidade. Abandonada há dois anos, a praça foi vendida e os novos proprietários posicionaram-se contra a realização do evento, sem abrir a oportunidade de diálogo.

O maior problema é que a produtora CemporcentoSKATE, após diversas tentativas junto à empresa proprietária do local de realizar o evento, reformou a praça por conta própria, adaptando o espaço para a prática de skate. Mesmo com o empenho dispensado, o evento foi cancelado, causando revolta em skatistas belo-horizontinos. Agora, após um longo período de impasse, o evento encontrou um novo local, a Praça Duque de Caxias, no bairro Santa Tereza.

O fato demonstra a dificuldade de skatistas em encontrar espaço na sociedade, ainda sofrendo preconceito e sendo vistos como marginais. Não raro, sofrem agressões, tanto verbais quanto físicas, de moradores e policiais.

A indústria do skate movimenta sozinha mais de 800 milhões dólares por ano, de acordo com o livro “Made For Skate”, sendo praticado por todas as classes sociais. Surpreendentemente, as classes A e B representam 42%. A classe C reúne 33%, e as classes D e E somam 25% do total de skatistas no Brasil.

O esporte também é responsável por todo um universo cultural, envolvendo música, arte, moda, comportamento, design, entretenimento, conteúdo e arquitetura.

Com tudo isso, fica difícil entender qual a razão do preconceito ainda existente com a cultura do skate, um dos esportes mais influentes entre os jovens, por seu passado de transgressão e contracultura.

SAIBA MAIS

Preconceito ainda persegue skate no país (Diário do Comércio)

Skate sem preconceito (Gazeta do Povo)