Aula ou horário vago?

O triste retrato do ensino de educação física no Brasil

por Marcos Pereira

O sinal sonoro anuncia o fim do recreio. Os alunos correm para suas salas, esperando os professores para mais um horário de estudos. No pátio da escola, estudantes esperam por mais uma aula de educação física. Aqui e ali já se formam grupos, as famosas “panelinhas”. Uns se juntam para jogar futebol. Outros, vôlei, peteca ou outra modalidade. Aqueles que não são muito íntimos dos esportes ficam vagando sem rumo, enquanto o professor anota em seu diário as presenças do dia.

Esse é o retrato da maioria das aulas de educação física nas escolas do Brasil. Um horário vago, onde os alunos aprendem tudo, menos educação física. Para eles, é hora de jogar bola, brincar, bater papo. E não estudar.

Algumas instituições de ensino apresentam aos alunos as diferentes modalidades esportivas, suas características e regras, além de mesclar aulas práticas. Esse deveria ser o modelo a ser implementado em todas as escolas.

O quadro ganha contornos desoladores se levarmos em consideração a proximidade de grandes eventos esportivos que serão sediados no Brasil, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Um país que se pretende uma grande potência esportiva não pode desvalorizar dessa forma as aulas de educação física, responsáveis por apresentar aos jovens o esporte. Muitas vezes, esse é o único contato dos estudantes com a atividade física.

Ao desvalorizar o ensino de educação física, tratando-o como mais um horário vago na grade curricular e não como uma disciplina fundamental na formação do estudante, priva-se o aluno do contato com a atividade física, não permitindo que conheça as diversas possibilidades do esporte, chegando até a afastá-lo. O país perde uma grande oportunidade de descobrir novos talentos e transformar-se em uma potência esportiva, algo que só acontecerá com a devida valorização do ensino de educação física.