A dança que muda Vidas

02/12/2011 12:27

A capoeira usada na construção de pequenos cidadãos do bairro Saudade

por Equipe Além das Traves

 Foto: Marcos Pereira

O grupo IUNA foi criado em 1983, fundado por mestres Primo, Rogério e Cobra Mansa, com propósito de difundir na cidade a capoeira tradicional ou também conhecida como Angola.

A capoeira Angola surgiu no Brasil através das danças praticadas pelos escravos em maioria oriundos de Angola. Mestre Cobra Mansa viajou para a África no ano de 2006 a fim de estudar melhor as danças e lutas que influenciaram o nascimento da capoeira no Brasil. Curiosamente, esse jogo não existe na África. Mestre Rogério está na Alemanha, ministrando aulas de capoeira angola dobrada, outra modalidade da dança/luta; e mestre Primo permanece em Belo Horizonte dando prosseguimento ao projeto IUNA.

O grupo não possuía sede oficial, até que em 2001 a mãe de Mestre Primo, dona Luiza, cedeu sua casa para que o grupo tivesse uma sede oficial. Criou-se então, no bairro Saudade, o Quilombo Dona Luiza, Centro Cultural do bairro.

No ano de 2006, o IUNA passou a receber incentivos financeiros do grupo italiano Santo Ângelo, que se tornou o principal patrocinador das atividades do Centro. A ação permitiu a contratação de monitores, que são ex-alunos do grupo, para auxiliar nas atividades, além da mantença da casa, uniformes para as crianças, alimentação, entre outros.

O Quilombo D. Luiza também contribuiu com a criação do projeto Mulheres da Arte, um grupo de geração de renda, em que as mulheres da comunidade produzem artesanato, costuram, bordam e realizam outros trabalhos manuais para complementar suas rendas. A ONG montou uma loja para que as artesãs possam desenvolver seus trabalhos.

Além da capoeira, o Ponto Cultural oferece informática e Lian Gong, uma modalidade de ginástica para mulheres. Outra atividade oferecida pelo centro é teatro. Eles já montaram a primeira peça, A vida é Sonho apresentada na Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) de Belo Horizonte e em asilos e escolas da região.

Atualmente a casa orienta cerca de 50 crianças, entre idas e vindas. “O triste é que quando a criança vai mal na escola a primeira atitude dos pais é cortar a capoeira. Os pais, muitas vezes, não entendem que na capoeira a criança aprende lições que lhes valerão para a vida toda, como equilíbrio, saber qual é o seu espaço e respeitar o espaço alheio, ter tolerância e disciplina. Nós tiramos as crianças da frente da televisão ou das ruas.“ relata Mestre Primo ao se lembrar das crianças que abandonaram o esporte.

A ONG tem por finalidade a valorização da capoeira angola como bem cultural e a sensibilização da sociedade quanto a sua importância. A presidente do grupo Cássia Rita de Faria comenta que em poucos dias é possível notar a diferença no comportamento das crianças que chegam para fazer as aulas de capoeira “As crianças chegam e em poucas aulas já se mostram diferentes, preocupam-se umas com as outras, comem mais devagar”.

A sede do grupo tornou-se recentemente Ponto de Cultura de Belo Horizonte, mas mestre Primo lamenta ainda a falta de conhecimento do projeto por parte da população “as pessoas vivem alienadas pela televisão, moro no bairro desde que nasci e muitas pessoas não sabem que aqui é um Ponto Cultural” Conclui.

O Grupo aceita colaboração de voluntários e está localizado na Rua Dr. Brochado, nº 1500, no bairro Saudade.

O telefone de contato para mais informações é 3483-5301.

Voltar

Pesquisar no site

© 2011 Todos os direitos reservados.

Crie um site grátis Webnode